domingo, 26 de junho de 2011

Compreendendo o Desenvolvimento Moral...




O desenvolvimento moral, ou mais precisamente o desenvolvimento da capacidade de elaborar julgamentos morais, foi um dos temas psicológicos esudados por Jean Piaget no início da década de 30 do século passado. No seu livro chamado O Juízo Moral na Criança (Le jugement moral chez l'enfant), lançado em 1932, Piaget abordou de maneira original o tema da moralidade, entrevistando crianças em duas situações de jogos: o jogo de bolas de gude e o jogo de amarelinha. Nestas situações, Piaget indagava sobre o que as crianças pensavam das regras desses jogos. Piaget também entrevistou as crianças, tentando compreender qual a concepção destas sobre a mentira, a obediência e o castigo.
Infelizmente, Jean Piaget não deu prosseguimento à essa linha de investigação. "O Juízo Moral na Criança" passou a ser praticamente uma obra solitária em meio a vasta produção piagetiana, que abordou em sua quase totalidade a temática do desenvolvimento cognitivo.
Alguns outros pesquisadores, entretanto, partiram deste "pontapé" inicial, dado por Piaget, e tentaram desenvolver as idéias férteis, porém incompletas, contidas no livro de 32. Dentre estes pesquisadores, certamente o mais conhecido internacionalmente foi o psicólogo norte-americano Lawrence Kohlberg. Entre nós, aqui no Brasil, tanto o professor Yves de La Taille como a professora Maria Suzana de Stefano Menin (que apresentam os vídeos) se dedicam às pesquisas psicológicas sobre moral, sob a inluência da teoria piagetiana.
Compreender o desenvolvimento moral de crianças e adolescentes em idade escolar é de fundamental importância para aqueles educadores que buscam uma formação mais integral de seus alunos, que não esteja llimitada pelas competências cognitivas que são historicamente as mais valorizadas pela escola. Em um plano um pouco mais imediato, ajuda também a compreender e a lidar com um problema recorrentemente citado pelos professores como um dos que mais dificultam o trabalho pedagógico, a saber: a indisciplina.






Mais um pouco:


Jean Piaget por Yves de La Taille.





O professor Yves de La Taille é um dos principais estudiosos, aqui no Brasil, da obra do psicólogo suíço Jean Piaget, tendo escrito em co-autoria com duas outras colegas da USP um livro bastante conhecido nos meios educacionais: "Piaget, Vygotsky e Wallon: teorias psicogenéticas em discussão", no qual ele aborda aspectos da obra do psicólogo suíço. Este vídeo, que apresenta os principais temas e conceitos da epsitemologia genética, pode ajudar a dirimir as dúvidas, que, porventura, tenham ficado (e sempre ficam...) após as exposições em sala e as leituras recomendadas. A exposição do professor La Taille é clara e organizada, além de bastante esclarecedora, tal qual são suas conferências e seus textos. Vale a pena passa alguns minutos em sua companhia...





Livros recomendados por Yves de La Taille para iniciar o estudo da obra de Jean Piaget:


sábado, 10 de julho de 2010

Uma boa síntese.

Seriam necessárias muitas horas de vídeo para representar toda a riqueza da teoria escrita ao longo de muitos anos por Jean Piaget. São dezenas de conceitos que modificaram radicalmente o nosso olhar para o desenvolvimento cognitivo, desde o nascimento até a idade adulta.
Infelizmente, a popularização da teoria piagetiana, ou da epistemologia genética, como é conhecida, se deu ressaltando apenas uma parte dos seus achados, que foram a sucessão dos estágios do desenvolvimento. Esse "setor" da teoria, denominado de aspectos estruturais, já que os estágios são grandes estrtuturas cognitivas, resultantes da interação do sujeito com o mundo à sua volta, tem sido repensado com as recentes descobertas, principalmente as relativas às competências dos recém nascidos.
Já os chamados as pectos funcionais, que, como o próprio termo indica, referem-se ao funcionamento cognitivo, tem uma menor popularidade, resultando, portanto, numa compreensão parcial, e por vezes equivocada, daquilo que era o verdadeiro objetivo do suíço Jean Piaget: compreender como se dá o conhecimento.
O vídeo postado abaixo traz alguns desses conceitos importantes e seus desdobramentos em outros campos do desenvolvimento cognitivo, como a aquisição da líguagem escrita. Para quem quiser conhecer com mais profundidade os conceitos piagetianos, fundamentais para uma melhor apropriação da idéias construtivistas, o livro ao lado deve ser um companheiro de todas as horas.


Construtivismo na prática.

Quem transita há algum tempo no campo da educação básica sabe que a implantação do construtivismo nas nossas escolas veio acompanhada de uma série de interpretações apressadas e errôneas do que a teoria "recomendava" para a prática pedagógica. Dentre esses equívocos, a idéia de espontaneidade, ou seja, a criança deveria construir seu conhecimento por conta própria, com pouca ou nenhuma interferência do(a) professor(a), foi uma das mais populares e de consequências mais negativas para a aprendizagem dos escolares.
Passados alguns anos, essas distorções têm sido corrigidas, mas a verdade é que ainda paira sobre a mente daqueles que se propõem construtivistas, um leque muito amplo de dúvidas sobre o que caracteriza realmente essa maneira de pensar o ensino e a aprendizagem.
Obviamente, não tenho a pretensão de esgotar a discussão. Seria uma empreitada de longo prazo, diante da qual também não me sinto preparado. Entretanto, esse pequeno vídeo, parte de uma série produzida pela revista Veja, para caracterizar alguns tipos de escola, traz um conjunto de situações bastante ilustrativas de como funciona uma escola construtivista. Devemos observar, que a história de aprender por si só, não ganha eco nestas práticas que aparecem na matéria a seguir. O professor construtivista, embora não seja totalmente diretivo, como os professores ditos tradicionais, deve saber o que fazer a cada momento da sua intervenção pedagógica, o que requer um amplo conhecimento sobre a teoria, sobre o desenvolvimento cognitivo, sobre a sua área de ensino e sobre o mundo em geral.
Uma boa leitura sobre o tema, é o livro da Maria da Glória Seber, que aparece ao lado. Infelizmente, se encontra fora de catálogo, mas os interessados podem encontrar em alguma biblioteca ou sebo.


terça-feira, 1 de junho de 2010

Jogos de regras.



Tente deixar só uma peça ao final, saltando cada uma sobre outra adjacente.

Tive a oportunidade e o prazer de ser aluno do professor Lino de Macedo, uma das principais referências sobre a teoria piagetiana e sobre os jogos de regras no Brasil. Suas observações críticas foram decisivas para a minha dissertação de mestrado, que trata da relação entre o jogo de xadrez e um aspecto do desenvolvimento cognitivo.
Lino tem trabalhado bastante para divulgar as idéias de Jean Piaget e suas possibilidades para compreender o funcionamento cognitivo no contexto dos jogos, tendo orientado, no Instituto de Psicologia da USP, diversos trabalhos de mestrado e doutorado, bem como publicado vários livros sobre a temática (veja alguns ao lado e abaixo). Coordena, também, no mesmo instituto, um laboratório de psicopedagogia, que serve como campo de estudo e desenvolvimento profissional, atendendo crianças e jovens que chegam com problemas escolares. É alguém que sempre vale a pena ouvir e ler. O vídeo abaixo é um "recorte" de uma entrevista, cujos outros quatro se encontram no youtube, na qual ele destaca a importância da atuação do professor na utilização dos jogos de regras com finalidade educativa.